domingo, 13 de novembro de 2011


Das pétalas que cato, do amor não sei. Do desapego da saudade, viro-me em direção oposta. Retiro-me do peso que te impede de me amar e assim sorrio em cavalgada, rumo ao horizonte despertando-me do medo que em mim guardava. Pois, envolvida em teu corpo encontrei no afago a despedida, o siga em frente e nada mais. É por isto que amo o que é amor, o que tem volta, despeço-me do que é passagem.

Sigo, volto, me entrego e parto, isso sou eu em mim, na correnteza das águas que correm como um rio e assim, fluem dentro e fora, em contínua explosão de sentimentos que alteram entre nãos, sim e talvez, entre não ser e existir.

O fluxo que é quente, esfria no ininterrupto, no prosseguir evapora. Sinto em seu respirar que a lembrança passou, que o mistério acabou, deixando fugazmente em mim a vontade de quero mais. Abre-se então outra vez minha janela da alma, meus olhos contemplam o despertar do amanhã. Sorrio em paz e mais mulher, Amada e amando não importa se conjugados ou não ao mesmo tempo.

O novo me surpreende quando permito-me, quando dou espaço pra ele chegar.
Maturidade me fez mulher, a dimensão do que é ser fêmea, deixa um rastro vazio no caminho do encontro com aquele que ainda há de vir e se tornar presente no encontro que fica posterior ao tempo do cio.

Encontro-te feliz e mais inteira. Revelo-te humana, com meus erros imperfeitos e aceitos, num constante ir e vir de um lugar encontrar. Dos enganos desperto-me, das quimeras doces de uma ingênua esperança afasto-me; mas só falo desta, que pelos anos insistiram em mim pousar com suas asas da alvorada, rumo ao norte sempre.

Abro-me para ti futuro e levo comigo somente um pouco de tudo que sou para que te seja apresentado e então compreendido, o passado que assim me fez e perdoar-me pelo pouco mais de tempo que levei para encontrar-te. Enfim, aqui estou, muito prazer, meu nome significa, vitória da esperança que suportou o tempo da solidão, no caminho entre flores e espinhos, rompendo as tempestades que derrubavam e as chuvas que somente regavam. Muito prazer!
Karina Horst

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa

terça-feira, 14 de junho de 2011


Ah se eu pudesse o que meu coração deseja agora, se eu tivesse o dinheiro que preciso nesta hora. Partiria sem medo, voaria até chegar aos destinos que meus olhos não podem alcançar. Percorreria lugares, conheceria outros povos, admirando e aprendendo mais com eles e com suas culturas, trocando formas, pensamentos, e esperanças.

Como é bom olhar pra frente, seguir trocando as lentes da solidão e cansaço por um novo dia nascendo e trazendo com ele renovação. É bom abrir o peito para o que é diferente sem me perder em idealizações. É bom amar de todo jeito, sem que retiremos nossas edificações, nem nos percamos de vista.

Parar é pouco, andar ou correr depende do tempo que falta.
O tempo pode aproximar ou afastar, depende do que é mais importante para cada um.
A noite traz o frio que o dia refresca, tudo sempre depende da necessidade.

Vivemos em harmonia quando conseguimos viver bem com o outro a partir do que conseguimos ser. Na prática provamos o que dizemos e experimentamos o que ouvimos. Cada um sabe de si no ponto que alguém a ele tornou claro em algum momento da vida. Colhemos frutos de escolhas, oferecemos o que conseguimos ser.

Máscaras, capas, são nossos esconderijos necessários e oportunos, onde acreditamos ser inatingíveis... até que chegue alguém que enxergue um pouco mais além.
Tornamo-nos escravos do que queremos libertar quando aprisionamos alguém que permitirmos ir.

Como é bom ser livre, como é prazeroso sentir que as marcas que fazem parte de você carregam em si um gosto suave e levemente amargo da maturidade além de mais idade.
Quero libertar-me cada dia mais dos preconceitos que carrego para não morrer presa em minha própria língua ferina. Podendo assim, abarcar oportunidades além de mim mesma e surpreender-me com inesperado e oportuno bem querer.

Quero ser a cada dia mais, tendo o que é necessário para continuar indo onde meus anseios desejam chegar. Sem, contudo, perder a fé que me move e a paz que em Deus me norteia.
Karina Horst
14/06/2011

domingo, 29 de maio de 2011

OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Esconderijos do Tempo



No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

Mário Quintana

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Vivências


Não me cobre o que não tenho, dou o que possuo e algumas vezes o que me falta.
A linguagem é um meio de comunicação que advem de sua cultura e vivência no todo.
Você a carrega ao longo dos dias em que os olhos e ouvidos abertos permanecem.
Vivo o que há em mim, falo o que de dentro sai, se não digo sobre você, perdoe-me.
Pareço alegre quando contemplo as flores e presentes recebo, mas se vejo ao meu redor olhos tristes, de um vazio que chora pela falta e abandono, num mundo onde só quem tem recebe o melhor, envergonho-me de não ser eu a pessoa que sacia a sede deste ser que chora. E assim permito-me de alguma forma ao lado destes estar.
Enquanto vou ao encontro caminho suave, mas se com a solidão deparo, dos meus lábios subitamente o sorriso se aparta.
Dou o que possuo, busco o que preciso, mas às vezes cansa. Cansa querer, ver, sentir, crer, tocar sozinho. Correr para o fim, buscar o começo, retardar a dor, eliminar os enganos, descartar os erros, não é para quem pouca força tem.
Vou, volto, prossigo e paro. Dentro e fora encontro-me nos afins, nos que caminhando prosseguem apesar dos desatinos e pesares.
KHF

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mário Quintana

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ousadia em falta

Quando não temos ousadia perecemos presos pelos laços da covardia e dos medos.
Quando não temos visão, padecemos pelas escolhas erradas.
Quando não temos coragem, vacilamos ante a vitória e a perdemos das nossas mãos.
Entretanto quando temos visão, sabedoria, ousadia e caráter, rompemos em fé, e Deus nos mostra o caminho e facilita o caminho da fuga. Nos libertando das amarras, dos grilhões e da serpente que cega e sufoca até matar sua presa.
Infelizmente só ouvimos os sábios, quando perdemos o chão, só restando a amargura, a solidão e o arrependimento.
Saber se ainda tem saída depende da ousadia e da fé na misericórdia e sabedoria do Pai.
É Ele quem alarga as tendas e nos dá visão de águia, mas pra isso, temos que sair do lugar que paralisa e limita a visão.
Muitas vezes a covardia, é a nossa desculpa para manter-nos acomodados, reclamando da vida, e nos achando mártires da na infelicidade e insatisfação do dia a dia.
Lutar, mudar, tentar, abandonar o velho para receber o novo, crer, e alcançar a vitória faz parte das pessoas que possuem OUSADIA!
Mas ousadia, determinação e confiança sem sabedoria e discernimento em Deus, é somente virtudes dos loucos, insanos e perversos.
KHF

Encostei-me a ti, sabendo que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.
Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino, frágil,
Fiquei sem poder chorar quando caí.

Cecília Meireles

Tempo que mata


Quero a beleza das flores e o por do sol. O imaginário acontecendo e as lembranças passando. Quero o calor das manhãs e as montanhas à vista, quero anoitecer em seus braços e acordar com seus beijos.
Quero o tempo ao meu favor e a sutileza das cores do arco íris. Quero agradar e me alegrar com seus sorrisos. E me enfeitar de forma que pra você eu seja a única. Que seus olhos sejam fitos em mim, teu caminhar sempre em minha direção ou ao meu lado por onde fores. Quero não ter mais que chorar pela falta ou abandono e cruzar de vez a faixa que me traz vitória na competição.
Rasgar o oceano num veleiro azul e branco que navegue rumo ao horizonte com o vento sempre a nosso favor. Quero vencer as barreiras e, nas guerras, não desanimar nas batalhas. Quero ser eu mesma e sendo assim agradar-te em meus encantos. Quero você, pra sempre viver, compartilhando sonhos, projetos e força nas horas das tempestades.
O sim e o não levam-me pra frente, o talvez paralisa, e a espera é a morte da esperança.
Tudo tem seu tempo, mas tem o tempo que mata.
10/05/2011
KHF

“Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando
que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque
embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu"
Luiz Fernando Veríssimo

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um bom ano é o que desejo...


Para sonhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre." (Carlos Drummond de Andrade)

Neste final de ano experimentei algo completamente novo, senti o novo ano chegar antes da virada e compreendi bem a diferença entre kairos e khronos.

Para que algo novo chegue, precisamos deixar o velho partir. Para algo especial acontecer fora, precisamos permitir acontecer antes dentro de nós. Eu fiz isto e logo nos primeiros dias de Janeiro, uma inesperada e boa surpresa aconteceu. Ainda que tenha sido passageiro, eu creio que foi um prenúncio do que está por vir.
Como disse Mário Quintana, o segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você. Coisas simples que fazemos, decisões que tomamos, cria uma nova história, altera o curso do rio e ainda permite que a essência permaneça, afinal, independente da seca ou da chuva, o rio sempre corre para o mar.

Final de ano é sempre tempo de refletir e fazer um balanço dos ganhos e perdas, das conquistas e derrotas, principalmente do quanto aprendemos enquanto vivemos. E ano novo é sempre aguardado com expectativas e pensamentos positivos de que tudo que não aconteceu no ano que se passou acontecerá no que está chegando.
Verdades e utopias se encontram em meio às esperanças, só não podemos esquecer da nossa participação nas batalhas que deverão ser conquistadas para que a vitória seja alcançada e o que desejamos possa de fato acontecer.

Lembro-me que no final de 2009 não estava aberta e nem tinha muita perspectiva para 2010, mas agradeço a Deus que com muito carinho me surpreendeu com promessas cumpridas. Posso dizer que o meu ano foi muito bom com realização de antigos sonhos muito desejados entre vários anos que se passaram enquanto eu continuava aguardando e batalhando. Ainda não está completo, mas o tempo de sorrir chegou e se 2011 for tão bom quanto 2010, faltará muito pouco para o que eu muito desejo aconteça. Aos meus olhos é impossível, mas seguirei olhando para o alto de onde me vem o socorro e fé.
Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas. Lucas 1:37

Desejo um 2011 de paz, amor, saúde, prosperidade, união, lealdade, fraternidade, amor recíproco, profissionalismo, menos corrupção, fé e justiça para todos!
Feliz ano novo!
Karina Horst
Janeiro/2011